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Por que devem existir tantas culturas diferentes?

Com a globalização, as culturas vêm se fundindo, tornando-se apenas memórias presentes em rituais. Como resgatar o valor cultural de cada grupo humano?



Cada alma humana é uma colina eterna, com suas características, com suas peculiaridades, jeitos e formas de encarar o mundo. Assim, um grupo de almas forma uma cordilheira, com todo um ecossistema próprio e que subsiste ao seu próprio jeito.


Entretanto, com a globalização, as culturas vêm se fundindo, tornando-se apenas memórias presentes em rituais. Como resgatar o valor cultural de cada grupo humano?


Entendendo o conceito de cultura


Na filosofia ocidental, o aluno desprevenido se depara com o termo “causa formal” ao estudar Aristóteles. A causa formal é a ideia responsável por dar existência a um objeto, como a ideia de flor que um pintor põe num quadro ao retratar um jardim. Ou seja, aquela ideia veio antes da execução, e foi ela quem norteou os traçados e a composição do artista.


Para um grupo humano, a cultura é a sua causa formal. São ideias, conceitos e princípios praticados por uma geração que começam a impregnar o hábito de seus descendentes, dando-lhes forma e conteúdo. Assim, vai se criando em torno de um grupo, seja de proximidade genética ou geográfica, costumes e ações que mais tarde tornam-se suas principais características.


Um exemplo clássico de cultura são os jogos olímpicos. Feitos inicialmente para demonstrar a habilidade corporal do ser humano, foram transmitidos para nós, ocidentais, como um legado de paz e amizade entre nações que devem competir justamente.


Globalização: a morte da cultura?


É verdade que culturas nascem e morrem com o nascer e o porvir de povos ou de histórias. Temos culturas que são criadas a partir do ocaso de outra, como foi a cultura da Igreja Católica que muito hauriu, em seus símbolos e vestimentas, do esplendor legítimo do Império Romano, ou ainda os países ocidentais que ainda hoje estudam Virgílio e Sêneca para suas lições de língua e expressão poéticas.


Então por que não podemos dizer que a globalização está unindo as culturas e montando uma única cultura? Por que uma cultura é resultado de princípios e valores sobrenaturais, metafísicos. Honra, admiração, compenetração, disciplina, resignação, sofrimento, culto ao dever: todas são características de fortes culturas espalhadas pelo globo, desde os reinos africanos, como o famoso Reino do Preste João, na Etiópia, como de fabulosas histórias contadas dos impérios místicos da China.


A globalização funda seus valores numa espécie de terceira força: ela não defende nada, apenas procura um espaço cômodo que não ofende ninguém. Poderíamos dizer que seu lema é: nunca ofender, nunca defender. A mínima possibilidade de comunicação para fazer negócios, isto é a globalização. E no seu avanço, vemos culturas sendo esmagadas em defesa da prosperidade financeira.


Por que as culturas devem se reafirmar e se manter firmes?


O ser humano é um microcosmos. Dentro de cada um de nós está contido a síntese da obra de Deus, todos os estágios, todas as reações e todas as forças conflitantes do universo. É por isso que a Bíblia diz que o ser humano é feito à imagem e semelhança de Deus.


Portanto, cada variação de grupos humanos tem um valor infinito, por representar um aspecto de Deus único e brilhante. É por isso que a Santa Igreja, em seus santos ministros, abraça as culturas dos povos, se preciso for apazigua o fogo da iniquidade que machuca seus pertencentes, mas propaga com entusiasmo os pontos bons e as virtudes excelentes.


Aí encontramos o ânimo de cada missionário em propagar o reino de Deus; São Francisco Xavier, que morreu olhando para a costa da China, imaginava como seriam as catedrais que a cultura chinesa construiria para o culto de Nossa Senhora.


Como, então, reafirmamos a nossa cultura de dentro da globalização? Lembrando dos princípios, das ideias e dos valores que fizeram aquela cultura nascer, séculos atrás. É só na afirmação consciente destes princípios que as culturas continuarão firmes, mesmo em meio a tantas relativizações.

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