De um extremo ao outro, a negligência com a pureza das crianças cresce. Afinal, a infância comporta os pecados de impureza?
Consciência das crianças para com a impureza
As crianças, nos primeiros anos, não têm nem ideia da impureza; suas paixões não as levam naturalmente por aí. É o que costumamos chamar de inocência. Por outro lado, é muitas vezes por negligência dos pais e educadores, senão por maldade, que a criança costuma tomar consciência deste mundo.
Como identificar, então, que a impureza vem devastando a inocência nos primórdios da infância? É claro que não falamos aqui de crimes terríveis e insídias diabólicas de pervertidos, mas sim de más companhias, más situações, ambientes maus que vem deixando mole e relaxado o caráter do jovem, desarmado para enfrentar um mundo extremamente sexualizado.
Não é segredo à ciência atual o quanto faz mal para os jovens e adolescentes as malícias da impureza: que o consumo frenético da pornografia vem gerando relações tóxicas e desordenadas, que impedem a formação de um adulto responsável e motivado, já é um grande tópico debatido.
Por outro lado, extremamente entregue aos prazeres rápidos e fugazes da sensualidade, o jovem gasta suas energias e se entrega cada vez mais à sujeira, perdendo noção de conceitos religiosos e metafísicos como honra, determinação, fidelidade e, por fim, felicidade.
Como se manifesta a sensualidade na infância?
Não é diretamente às sensações carnais da luxúria que apelam os sentidos das crianças. É necessário ficar de olhos nos sintomas para que estes não gerem um tal apetite pelo sensível que extrapole no pecado da impureza sobretudo quando chega a puberdade.
Em primeiro lugar, devemos falar do amor ao descanso. As crianças que têm este defeito são rebeldes contra tudo o que as incomoda, contra todo o trabalho penoso, preferindo ficar horas entretidas no que as deleitam.
É preciso, portanto, que os pais saibam dosar momentos de deveres e momentos de direitos, para que o pequeno entenda que o descanso é, antes de tudo, uma recompensa por uma energia bem gasta. Por exemplo, ao brincar com seus brinquedos, ensinar que é preciso guardá-los todos, ordenados, antes de se entregar ao descanso.
A negligência é um defeito menos conhecido, mas produz também graves transtornos na vida do homem. O negligente deixa para mais tarde o que tem que fazer agora, sem aproveitar a oportunidade e deixando-a escapar. A irreflexão produz a negligência, e por isso é vital apresentar às crianças as razões do que precisa fazer e quando.
Por fim, há também os excessos da gula. Os pais e educadores precisam ser parcimoniosos na arte de comer, não sendo eles próprios exemplos de glutonerias, seja nas refeições ou nas bebidas alcoólicas.
Um tema polêmico: a educação da sensualidade
Há discordâncias entre a maioria dos manuais conservadores e as teorias modernas sobre a iniciação sexual. O que sempre foi ensinado, quando existia ainda em ruínas o que se chamava a barreira dos costumes, que a ignorância ao mal era uma aliada das crianças.
Porém, diferente do que é alegado pelos ateus, a doutrina católica reconhece que havia casos nos quais a iniciação positiva é necessária. O que era uma exceção pode, nas circunstâncias atuais, mudar para regra geral.
Mas não podemos esquecer o espírito desta doutrina que não pode ser modificado: em primeiro lugar este educador prudente deve saber que a ignorância, enquanto é possível, é a melhor vanguarda da inocência, porque a ideia, através da sensibilidade, chega a ser uma força, particularmente nos mais jovens.
Em segundo lugar, quando for necessário que os educadores tomem a iniciativa para evitar um distúrbio ou perversão, esta iniciação deve ser injetada em lugar secundário em um conjunto educativo que chamamos de “educação da pureza” e deve rodear-se de muitas precauções para não ofender o pudor, virtude de todos os tempos.
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