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Foto do escritorAmaro Junior

Como explicar à criança que...

Uma pergunta que os pais constantemente se fazem é: até onde vai o entendimento da criança? Como explicar ao pequenino princípios e atitudes para complementar a educação que recebe nas instituições de ensino?

Como explicar à criança que faz muitas perguntas

Para a doutrina católica, não basta apenas o exemplo


São Tomás de Aquino, sobre a virtude da admiração, comentava que aquele que admira se torna semelhante ao objeto admirado. Para tal, concorre, de modo necessário, o exemplo. Entretanto, o admirador não se contenta em ficar apenas imitando: em determinado momento, ele vai se perguntar das razões que movem o objeto admirado.


Por isso, se o pai, a mãe ou o educador querem continuar a ser figuras de admiração para a criança, precisam explicitar, explicar, ensinar o porquê de suas ações, e como essas ações se tornaram um hábito em sua vida.


Como explicar à criança que...


Assim, reunindo algumas das preocupações mais gerais dos pais e educadores, trouxe uma lista que ajuda a esclarecer importantes temas para as mentes inocentes.


...ações geram consequências?


Para ensinar à criança que cometeu uma falta, é necessário contar a ela que sua ação vai gerar uma consequência: ou não vai sobrar para o dia seguinte, ou que ela lesou o direito do seu irmão ou amigo de comer sua parte.


Colocar a criança na posição do prejudicado também funciona: numa próxima vez, seja no dia ou na semana seguinte, na hora de distribuir as porções, perguntar como ela se sentiria se ficasse sem a maior parte, ou com um número menor de biscoitos.


Este princípio é enunciado pelo Pe. Timon-David em sua obra Tratado da Confissão de Crianças e jovens: “em relação à linguagem das crianças, é preciso tomar uma forma essencialmente concreta, já que seu espírito não pode seguir as abstrações, nem ordinariamente as formas um pouco complicadas da retórica. Com elas, usemos de comparações comuns, imagens, coisas que atinjam os sentidos”.


Esse sentimento vai tocando a fundo o coração da criança, que percebe que uma ação sua não vai marcar sua vida só naquele momento, mas também em seu futuro, e que ela precisará lidar com isso.


O quanto antes esta lição for incutida na vida da criança, melhor; hoje, lidamos com uma geração de adultos que quer tudo imediatamente, que não suporta esperar ou colher os frutos de suas ações.


...a inveja faz mal à alma?


Santo Agostinho descreve a inveja como um “terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração”. Desde cedo, as crianças precisam ser “vacinadas” contra a inveja e demais vícios a ela ligados.


Por que a inveja é tão prejudicial e como explicar isso a um pequenino, seja em casa ou na escola? O invejoso, infelizmente, não se contenta apenas em desejar os bens do próximo, mas sim em prejudica-lo, destruí-lo.


A Doutrina Católica define o vício da inveja como “o entristecer-se pelo bem alheio”. Ou seja, além de raivoso, o invejoso se torna um poço de tristeza e de reclamação.


Para ensinar à criança que a inveja faz mal, é essencial ilustrar com histórias, e que estas sejam, em sua maioria, reais. Entender como acaba mal um invejoso é um forte estimulante para uma ação contrária.


As Sagradas Escrituras são fonte de ótimos exemplos: Caim que, cheio de inveja, mata seu irmão Abel e é amaldiçoado por Deus e pela natureza; os filhos de Jacó, que vendem o seu irmão José, pois este era o preferido de seu pai, e depois passam fome e vergonha; a inveja que o rei Saul teve de Davi depois que ele venceu Golias, fazendo com que agisse contra o escolhido de Deus e perdesse o reino e a glória de ser rei.


...sinceridade sem respeito é apenas falta de educação?


Em determinando momento da curva de crescimento e aprendizado da criança, se dá uma fase de “verdades”: ela diz tudo o que pensa, sem se importar muito em como isso afetará os que a ouvem. Apesar disso não ser um defeito, há uma possibilidade de se tornar um no futuro.

Como explicar à criança que nem todas as pessoas estão prontas para ouvirem a verdade? A Igreja chama este hábito de virtude da circunspecção. É São Tomás quem nos explica: “pode dar-se que um meio seja, em si mesmo, considerado bom e conveniente ao fim; contudo, por certas circunstâncias que nele concorrem, se torna mau ou não conducente ao fim”. (S Th, II-IIae, q. 79, a. 7).


Ou seja, existem horas e momentos de se dizer a verdade, e o respeito é a principal regra que torna suportável um convívio, como comenta o Padre Garrigou-Lagrange em sua obra “As virtudes morais: Armadura da vida cristã”:


“A veracidade é uma virtude que se associa à justiça, e que leva a dizer sempre a verdade e a agir de acordo com ela. Mas isso não significa que se deva dizer toda a verdade a todo o mundo, dando lições aos outros a torto e a direito e vangloriando-se de uma franqueza que beire a insolência ou a falta de respeito”.


Assim, para ensinar à criança a praticar esta santa virtude, a literatura católica e o bom exemplo são primordiais. Em sua obra: “As virtudes morais: armadura da vida cristã”, o Pe. Garrigou-Lagrange tem profundas lições sobre as principais virtudes que devemos desenvolver.



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