Muito se tem falado sobre os problemas que assolam a Educação na atualidade, mas qual seria o fator decisivo para resolver tantas dificuldades?
Você já parou para pensar no que está por trás da decadência da educação? Seria este um problema metodológico ou toda estrutura e teoria da educação é que estão erradas?
Este problema é apresentado por Albert Jay Nock em suas conferências sobre a teoria da educação nos Estados Unidos e que estão presentes no livro que apresentarei hoje, caro leitor.
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Para entender bem o problema teórico e a sua diferença de um problema metodológico, imagine-se diante da seguinte situação: Está caminhando por uma praia e percebe, ao longe, que um menino está determinado a realizar uma missão: perfurar um buraco na areia e transferir para este toda a água do mar. Infelizmente nas primeiras tentativas ele não obtém sucesso.
Logo se aproxima alguém e diz a ele que o problema é o tipo de material utilizado para transportar a água, pois somente com aquele balde não seria possível realizar o empreendimento, seria necessário um balde maior. O menino sem pestanejar consegue um balde maior e continua suas tentativas, mas sem nenhuma alteração no resultado. Achega-se então outra pessoa e diz a ele que o problema mesmo não é o balde, mas a velocidade com que a água está sendo trazida do mar para o buraco, ele precisaria ser mais rápido se quisesse ter êxito em sua tarefa. O menino imediatamente aumenta a velocidade e até chama outro amigo para ajudá-lo, entretanto, mais uma vez, insucesso.
Uma senhora que está próxima do local, especialista em perfuração, diz ao menino que a razão do seu insucesso está na forma como o buraco foi feito, seriam necessárias mais profundidade e abertura e assim, não havia dúvida, ele levaria a termo sua realização, porém, mais uma vez, apesar de ter cumprido as orientações, não foi possível concretizar o objetivo. Para não alongar demasiadamente esta história, houve ainda quem disse que a solução era mudar o equipamento para retirar água, a distância do buraco, o tipo de perfuração, a temperatura etc. mas nada fez com que o menino conseguisse realizar sua empresa. Faltou apenas alguém que dissesse para ele que o problema não estava no método utilizado, mas sim na teoria de que seria possível transferir toda a água do mar para aquele buraco.
E este exemplo se aplica perfeitamente ao que se apresenta neste artigo, pois muitas vezes fica-se girando em torno do método a ser aplicado para melhorar a educação: o problema são os livros didáticos, as salas de aula, a necessidade de uma televisão e de computadores de última geração, de criar jogos e brincadeiras, músicas, mudar o ambiente da sala, da escola, mudar as regras etc. Mas o problema não está no método e sim na teoria por trás de toda educação hodierna.
"A imensa maioria das pessoas não possui a força do intelecto para apreender os processos da educação e nem a força de caráter para fazer com que a disciplina para a educação prevaleça em suas vidas". (Albert Jay Nock. A teoria da Educação nos Estados Unidos).
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Albert apresenta que esta teoria se baseia em três pilares fundamentais, a saber: uma educação igualitária, democrática e que tem como fim a alfabetização. E aqui que está o problema, pois ao dizer que a educação é igualitária, não se considera mais as individualidades e utiliza-se como pressuposto que todos os estudantes são iguais em suas capacidades, apetências e desejos, o que é de si um erro. Além disso ao dizer que a educação é democrática, ela se limita a tratar de assuntos que podem ser apreendidos por todos os estudantes, ou seja, é decidido um “currículo base” e todos os estudantes, sem exceção, devem aprender este currículo, nem mais, nem menos, limitando assim as possibilidades e os anseios de cada um, não podendo, pois, querer algo que está acima do que é transmitido a todos.
Finalmente a ideia da alfabetização como objetivo da educação é um erro, pois a alfabetização é um meio para se chegar a um fim e não um fim em si mesmo. Não adianta nada, pensando em uma educação verdadeira e integral, saber ler e escrever se isto não introduzir o educando nos conteúdos mais elevados e importantes da experiência humana, seja cientifica, seja espiritual, pois será de si um conhecimento vazio. Por isso a alfabetização deve ser um meio.
Entretanto muito mais importante do que a leitura e a escrita é o que a pessoa está lendo e escrevendo, como está utilizando-se disto para evoluir intelectualmente. Pois banalidades e futilidades podem ser lidas em qualquer idioma, em qualquer momento e em qualquer classe social, o que a tornará uma pessoa educada será o conteúdo assimilado pela leitura e transmitido pela escrita.
Enfim, pode-se concluir este artigo dizendo que o problema atual da educação não é o método utilizado, mas sim a ideia, a teoria por trás desta educação. E se realmente quisermos oferecer uma educação verdadeira precisamos mudar esta teoria e estes conceitos.
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E se você desejar aprofundar esses conceitos, adquira já o seu livro!
Sou professor de História e li este livro logo depois do lançamento pela editora Fides et Ratio. Confesso que me ajudou a melhor interagir com os alunos e entender mais profundamente a missão do professor na sala de aula.
Livro indispensável a todos os professores e orientadores de ensino! Recomendo!